Exposições
Fidalga' 05
O Ateliê Fidalga foi fundado em 2000 pelos artistas-professores Sandra Cinto e Albano Afonso e a presente exposição reúne a produção de trinta artistas que frequentam o espaço. Pergunto-me o que os une. Uma convivência? Umas inteligência coletiva? Uma comunidade de trocas? Um intercâmbio intelectual? Ou a busca de conhecimento?
Talvez tudo isso e mais alguma coisa – pessuponho que importa tanto a experiência processual e vivência como a própria pesquisa pessoal. Alterando a linearidade do percurso habitual, a exposição é um acontecimento que requer uma organização compartilhada, entre alunos, professores e curadores, para concretizar uma meta desejada. Mas, o que dá sentido a esta mostra? O difícil é reunir todos sob uma mesma égide que não seja aquela que os próprios trabalhos indicam – a diversidade de seus processos criativos.
Na arte, o conceito de gênero está ligado a princípios reguladores criando tematizações e percursos figurativos estáveis. São modelos que determinam um conjunto sistemático de idéias e valores. A este pensamento acadêmico os artistas do Ateliê contrapõem uma prática artística mais condinzente com os fluxos contemporâneos. Propõe-se o reprocessamento e a expansão dos limites por procedimentos, tais como: a apropriação, a hibridização, o deslocamento e a simulação. Nas obras expostas não há a suspensão do confronto, característica do Modernismo, mas uma interação entre modos-de-fazer, estilos e técnicas – o formal, o informal, o real, o surreal, o ficcional e o virtual. Caminhos que se cruzam, transviando e transgredindo as normas que os sistemas de representações das formações ideológicas impõe... ou impuseram. Pois, o desvio virou norma. A história da contaminação dos meios é longa, remete às colagens cubistas e dadaístas. No Brasil, o pioneirismo de Oswald de Andrade já indicava no Manifesto Antropófago, de 1928, a vertente antropofágica “ Só me interessa o que não é meu”. Nos anos 60, a Pop Art contribuiu para a disseminação da hibridização das linguagens. Instaurava-se assim, um gosto por uma visada nova, pelo desconhecido, pelo estrangeiro global ou local, pela heterogeneidade e pela interação.
Assim, o convívio das diferenças é, hoje, um dos procedimentos mediadores da transformação de parâmetros desgastados e esgotados e da renovação do estado da arte.
Nancy Betts / curadora
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil
Fidalga '05, 2005
Paço Municipal de Santo André, Santo André, SP, Brasil