Exposições

Ateliê Fidalga no Paço das Artes

"No final de dezembro de 2009, recebemos o convite feito por Daniela Bousso e Priscila Arantes para desenvolvermos um projeto, dentro das comemorações de 40 anos da instituição, que envolvesse todos os artistas integrantes do Ateliê Fidalga.

O desafio proposto era criar uma mostra que tivesse na sua essência a ideia de processo, de obra viva, coerente com o trabalho desenvolvido no Fidalga e coerente também com o trabalho que o Paço das Artes desenvolve: um fomento à produção e à experimentação.

Começamos a pensar como poderia ser uma exposição em que as obras não fossem simplesmente pinçadas dentro de uma produção e apresentadas no espaço expositivo, mas elaboradas a partir da própria ideia de processo, de obra aberta, que carrega a potência do que ainda está por vir.

Como fazemos com todos os projetos desenvolvidos no Fidalga, colocamos as questões em pauta e, pouco a pouco, fomos esboçando, descobrindo juntos, entendendo o que seria essa mostra.

A exposição não teve curadoria, mas um acompanhamento crítico. Convidamos Mario Gioia, que durante os cinco meses que precederam a exposição participou dos encontros no ateliê, teve um contato bem próximo com os artistas e seus processos, trouxe uma enorme contribuição com suas observações e participou ativamente da montagem da exposição e das mesas de debates.

Outra decisão tomada pelo grupo, fundamental para a compreensão deste projeto, foi que, durante a mostra, haveria um período em que os artistas poderiam mudar seus trabalhos, acrescentar, suprimir, rever. Transformar.

A possibilidade de refletir sobre a prática realizada e poder alterá-la a tempo de vê-la criando outros diálogos possíveis foi um dos pontos marcantes da exposição, que foi inaugurada de um jeito e terminou de outro completamente diferente. Todas as mudanças foram feitas a partir de reflexões que aconteceram nos encontros.

A expografia proposta por Álvaro Razuk, sensível ao fato de que 60 artistas estariam mostrando simultaneamente suas obras, foi fundamental para a montagem e organização dos trabalhos no espaço e suas possíveis alterações.

O convite de Claudio Cretti, coordenador do Paço Educativo, que está fazendo um belo trabalho de aproximação entre público e obra, fez com que vários artistas do grupo desenvolvessem atividades educativas, e um ciclo de oficinas e encontros foi organizado durante a exposição. Crianças, adolescentes, professores da rede pública e estudantes de artes integraram-se ao projeto, e pudemos observar que a organicidade desta mostra expandiu-se para lugares jamais imaginados. (...)"

Sandra Cinto e Albano Afonso